A verticalização dos planos de saúde, com a crescente expansão das redes próprias pelas operadoras, se configura como uma tendência em alta no mercado. Essa estratégia, motivada pela busca por maior controle dos custos e otimização da qualidade do atendimento, gera diversos impactos que merecem ser analisados em detalhes.
Especialistas e executivos do setor confirmam a prevalência dessa tendência. Operadoras de diferentes portes e regiões, como a Unimed BH, Doctor Clin e Promédica, estão investindo na integração de serviços através da verticalização.
A Promédica, por exemplo, já realiza 85% dos atendimentos em sua rede própria, demonstrando o compromisso com esse modelo. A operadora projeta um crescimento de 10% na rede neste ano, buscando alcançar a excelência no cuidado à saúde dos seus 80 mil clientes.
Do outro lado do país, a Doctor Clin investe R$ 280 milhões na abertura de novas unidades no Rio Grande do Sul até 2028. Essa expansão, que inclui um hospital, pronto atendimento, centro médico e centros de diagnóstico, elevará a participação da rede própria para 60% dos atendimentos.
Segundo o diretor executivo do DC Group, Marcelo Dietrich, a verticalização proporciona uma economia de 10% a 20% nos atendimentos. Essa estratégia, no entanto, não significa a exclusão total dos prestadores externos, reconhecendo que há especialistas em áreas de baixa e alta complexidade que complementam a rede própria.
A Unimed-BH, com 1,5 milhão de clientes, também reforça sua aposta na verticalização. A operadora está construindo um hospital em Contagem, com investimento de R$ 350 milhões, e prevê a inauguração para 2026. Essa nova unidade se soma às 14 unidades assistenciais e ambulatoriais já existentes, demonstrando o compromisso da cooperativa com a integração verticalizada.
Leandro Berbert, sócio-líder da EY Brasil, observa que a verticalização também está presente em planos de rede aberta. Operadoras estão desenvolvendo produtos que concentram atendimentos em suas redes próprias, buscando aprimorar a experiência do cliente.
Para o superintendente executivo da Abramge, Marcos Novais, a verticalização tem potencial para trazer uma visão sistêmica para o setor. Essa visão, aliada à interoperabilidade de dados, pode contribuir para um atendimento mais adequado e resolutivo.
No entanto, a verticalização também exige investimentos expressivos em infraestrutura e recursos humanos. Além disso, especialistas alertam para a possibilidade de conflitos de interesse entre operadoras e prestadores de serviços de sua propriedade.
Marina Paullelli, do Idec, demonstra preocupação com a concentração de mercado que pode ser gerada pela verticalização. Ela defende que a ANS avance em regras sobre o descredenciamento de prestadores, buscando garantir a competitividade do mercado e proteger os direitos dos consumidores.
Em resumo, a verticalização dos planos de saúde se apresenta como uma tendência com impactos positivos e negativos. É fundamental acompanhar de perto essa evolução e debater os desafios e oportunidades que ela apresenta para o futuro da saúde no Brasil.